quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

tentando


Atento ao sofrimento causado pela fala imprópria e pela inabilidade de escutar aos outros, eu juro cultivar a fala amorosa e a escutar profundamente de modo a trazer alegria e felicidade para outros e assim aliviá-los de seu sofrimento. Sabendo que as palavras podem criar tanto felicidade como sofrimento, eu prometo aprender a falar sinceramente, com palavras que inspirem autoconfiança, alegria e esperança. Eu estou empenhado a não divulgar notícias que eu não saiba serem corretas e a não criticar ou condenar coisas das quais eu não estou seguro.
(Ven. Thich Nhat Hanh)

terça-feira, 16 de junho de 2009

etnem


- Cuidadooooooooooooooooo!!


Quando ouvi, era tarde...


- Aaaaaaiiiiiiiiiii!!


Se eu conto, ninguém acredita. Num é que um páraquedas caiu em cima de mim?! Bem aqui ó, na minha cabeça. Olha o galo!

Eu?

Primeiro, estrebuchada ao chão, me revoltei, claro. Afinal de contas, fiquei arrebentada!
E num é que o cidadão ainda me olhou feio!?
- Desculpe querido, não escolhi estar ali, bem naquele lugarzinho.

Bom, mas o fato é que, o coitado também não. Aconteceu e, convenhamos, ele ficou bem pior do que eu. Sofri uns arranhões fundos, verdade. Agora ele, nossa, fratura exposta nas pernas, nos braços e até no peito. Principalmente no peito. Não sei como não morreu.

O que o salvou foi aquela coisa estranha. Urgh!! Me arrepia só de lembrar.

Textura pegajosa, meio esverdeada. Quando espalhada - assim, como uma massa de pão - ela abre fissuras meio avermelhadas. Nunca vi algo parecido.

- Paraaaaaaaaaaaaa!! Não sai mais! Não dá!

- Dá sim! Tem que dar!


Ah, se eu tivesse dado um passo! Um mísero passinho para o lado. Aquele homem malvado teria se desfacelado ao meu lado, não sobre mim.
Não teria penetrado em meu cérebro, decido por minhas veias, tomado os meus órgãos da periferia para o centro, até atingir o meu coração e se instalar. Lá, e somente lá, ele sobreviveria.


- Aieeeeeeeeeeeeee! Nossa, amigo, calma! Sabe o que é? Quanto mais você tira, mais dói. E olha, eu to achando que isso não é feito pra sair daí não, hein?!

- Mas eu preciso de mais um pouco. Preciso. Guenta firme!


Foi fazendo parte: se aprumando, se encaixando, se encolhendo, se encrustando...


- Não tô mais aguentando! Não quero mais! Por favor, saia! Sinto muito, mas o que acontecer de agora em diante é problema seu! Não posso me responsabilizar! Ei! To falando com você! Ouuuuu!!

...do centro para a periferia, subindo as artérias, tomando a minha mente, minha tranquilidade, meu semblante menina, minhas sacadas marotas, minha felicidade.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

sobre desentendimentos, cansaços e pedras encantadas...


"Telegrama de Paris... Todos os dias recebo um. Recebi ontem, hoje, todos os dias... Aquele homem mal está doente de novo, as coisas vão mal pra ele. De novo pede perdão, suplica que eu volte pra ele, e na verdade eu devia mesmo voltar a Paris e ficar com ele durante algum tempo. O senhor está me olhando tão severamente, Pétia... Mas o que se pode fazer, querido? O que devo fazer? O que devo fazer? Aquele homem está doente, está sozinho e infeliz... Quem toma conta dele? Quem cuida dele para que não volte a fazer bobagens? Quem lhe administra os remédios na hora certa? E, por que negá-lo? Amo aquele homem, é verdade, amo-o, amo-o. Esta pedra presa no meu pescoço é que me puxa para baixo, pra dentro do redemoinho... Mas eu quero bem a esta pedra e não consigo viver sem ela... Não pense mal de mim Pétia.. Não diga nada... Nada."

quarta-feira, 22 de abril de 2009

a viagem é o viajante


"Que todos os viajantes encontrem a felicidade, aonde quer que vão.
E, que sem esforço, realizem o que se propuseram a fazer.
E, ao retornarem sãos e salvos, sejam recebidos com alegria por seus parentes."

Dalai Lama

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

sobre mais um tempo que chega


Quando a gente é criança, bem pequenina mesmo, com aquela idade na qual só consideram-se fantasias e à realidade não credita-se a mais remota importância, vai chegando a época de fim de ano e, acreditem, começam-se as tormentas.
Tudo porque, reza a lenda infantil, este é o período no qual só o que resta é olhar para trás e buscar, na caixinha das lembranças recentes, todas as experiências vividas e promovidas durante o ano. E se, ao serem colocadas na balança, as atitudes malvadas pesarem mais do que as boazinhas, algo muito ruim acontecerá.
O Papai-Noel - aquele velhinho de sorriso fácil e doce, barbudo e gorducho, que sai pelos ares com seu trenó repleto de folguedos -, como represália, não descerá a chaminé da lareira de tijolinhos à vista, que adorna o cantinho da sala da sua casa. E você, ficará sem aquilo que tanto cobiçou durante os últimos 345 dias - o que, convenhamos, é um tempo razoavelmente grande para quem viveu apenas duas ou três vezes essa fração.

Aí a gente cresce. E aquele medo de não ganhar presente fica para trás. Bem lá atrás... Num lugarzinho distante, junto com todos os nossos sonhos desacreditados, nosso comprometimento com a vida, nosso olhar estrangeiro.
Junto com nossa capacidade de espantar-se.
Espantar-se com cada atitude intolerante, cada pai que mata filho, cada filho que mata vó, cada policial que fere, cada policial que morre, cada choro de fome, de frio, de desespero...
A gente deixa lá longe a sensibilidade que nos permite perceber quando o buraco fica bem mais embaixo. E quando o que todos tratam como causa, na verdade, é conseqüência. E deixamos também a percepção de que, em situações como esta, a recíproca não é verdadeira. Tratar a conseqüência como causa pode fazer mal a beça para alguém, para “alguéns”, ou para toda uma sociedade.

Mas então, voltando ao começo, aí a gente cresce.
E quando vai chegando este período de final de ano, ao invés de, como quando éramos crianças ignorantes e tolas, olharmos para trás e repensarmos tudo que foi desencadeado com cada atitude irresponsável, cada palavra proferida sem “lastro”, cada mão recolhida, cada tempo desperdiçado... Ao invés disso, olhamos para frente e pedimos, apenas.
Só que, ao pedir, esquecemos da máxima infantil: “maus meninos, não ganham presente”.

Espero que, este começo de novo tempo nos convide a uma reflexão profunda: seres humanos fazem parte da natureza. Salvar uma árvore torna-se uma atitude vã, quando não se cuida de gente. Só gente - e muita gente! -, tem o poder de salvar o planeta.

Um feliz Natal e um próspero ano, para toda a humanidade, por meio de nossas próprias mãos. Apenas elas são capazes de transformar.

São meus votos sinceros,

Mari

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

namastê


Uma pessoa querida, que está passando por uma fase difícil, me fez lembrar esse texto. Escrevi há alguns bons anos, mas ele continua muito vivo e pulsante dentro de mim.

O texto que segue representa as 3 principais fases do mais espetacular e complexo processo que enfrentamos em nossas vidas, metaforizado no Pai Nosso, independente da religião de cada um. Este processo é o encontro com nós mesmos, quando tentamos descobrir quem realmente somos e qual nossa verdadeira relação com Deus.

Pai Nosso que está em Nós


FASE 1:
Antes da Morte na Cruz, o Cristo nos ensinou a rezar:
Pai nosso que está no Céu / Santificado seja o Teu nome / Venha a nós o Teu reino / Seja feita a Tua vontade / Assim na Terra como no Céu / O pão nosso de cada dia nos dá hoje / Perdoa as nossas dívidas como perdoamos os nossos devedores / Não nos deixe cair em tentação / Mas livra-nos do mal / Amém

A fase em que grande parte das pessoas se encontra é esta primeira. A maioria nunca sai dela, mas tem muita gente também que sai e, sem perceber, evolui, amadurece e encontra a felicidade constante. Nela, acreditamos em Deus e somos devotos a Ele. Mas Ele está lá...longe...longe...longe............... "no céu" e nós estamos aqui "na Terra". Não passamos de pequenos seres que evoluem em passinhos de formiga. Somos insignificantes perante Sua grandeza. Ele é onipotente e nós somos indivíduos que, para viver "bem", precisamos recorrer aos socorros de Sua onipotência sempre.

FASE 2:
Após a Morte e a Ressurreição, encontramos o Pai em nós:
Pai nosso que está aqui e agora / Santo é o Teu nome / Teu reino, o nosso coração / Tua vontade se realiza em Todo o Universo / Abundante é o pão à nossa disposição hoje, perdoadas nossas dívidas e nossos devedores / Presente, o medo chega ao fim / Renunciamos às tentações / Renascemos na própria cruz / Cooperamos uns com os outros / E cuidamos do mal com amor / Assim é.

Acho que me encontro nesta segunda fase hoje. Não é tão confortável quanto a primeira, mas, por outro lado, é nela que nos reconhecemos em Deus. Conseguimos nos enxergar Nele, mas ainda não O enxergamos completamente na gente. Isso quer dizer q Ele já não está tão distante, mas também não está tão perto, ainda não temos tanto controle sobre nós mesmos quanto Ele tem. Esta fase é super importante porque é nela que começamos a perceber todo o nosso poder no que diz respeito as relações com as pessoas, com a natureza e com nós mesmos.

FASE 3:
Presente, a divisão desaparece:
Eu sou / Santo é o nome / Vivo, no coração / Sopro / Vontade que se realiza no Todo / Pão que é dado em abundância / Graça que se derrama e sustenta / Eu sou / Confiança, compaixão e sabedoria / Sem escolha / Eu sou / O amado / E o que ama / Amor / Assim /
Uma só mão bate palmas / Escutai.

Por fim, depois de muita introspecção, autoconfiança e sabedoria, chegamos à última e mais evoluída das três fases, na qual nos reconhecendo em Deus não percebemos mais a separação, o limite entre nós e ele. Temos sobre nós mesmos, sobre nossa mente e coração todo controle. Com facilidade filtramos nossos pensamentos e sentimentos, administramos as diversidades e contornamos as dificuldades. É neste momento que deixamos de nos perceber em Deus e nos sentimos Deus, somos Deus. Isto pode soar um tanto quanto ultrajante aos ouvidos de quem encontra-se ainda em alguma das fases anteriores, como eu por exemplo.

Sendo Deus, nossa mente tem o controle de absolutamente tudo, somos amor e benevolência. Somos luz. É desta falta hoje que a humanidade sofre, reconhecer-se Deus para assim deixar de se abstrair das responsabilidades para com o mundo e o outro. A responsabilidade em manter a harmonia de tudo, da natureza, das sociedades, do meio que nos envolve e de nosso próprio equilíbrio é única e exclusivamente nossa, porque Deus é o onipotente que tem o controle de tudo e nós somos Deus.

É importante lembrar que utilizar com força e devida cautela as duas palavrinhas mágicas "EU SOU" é o que nos define e capacita, sempre.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

rastro


"Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós."


Antoine de Saint-Exupery